Bem vindas Beliebers




Relógio

21 de maio de 2011

Crepúsculo Parte 3 - Primeira Caçada

-A janela? -Perguntei,olhando dois andares abaixo.
Eu nunca tivera medo de altura,mas ser capaz de ver os detalhes com tanta clareza tornava a perspectiva menos atraente.Os ângulos das pedras abaixo eram mais agudos do que eu teria imaginado.
Justin sorriu.
-É a saída mais conveniente.Se tiver medo,posso carregá-la.
-Temos toda a eternidade e você está preocupado com o tempo que levaria para andar até a porta dos fundos?
Ele franziu levemente a testa.
-Não.Nossa familia está lá.
-Ah!
Certo.Eu agora era o mostro.Tinha de me manter afastada dos cheiros que pudessem incitar meu selvagem.Das pessoas que eu amava,em particular.
E eu estava muito consciente de minha nova familia atrás de mim,olhando em silêncio.A maior parte em silêncio.Emmet já tinha dado uma risadinha abafada.Um erro e ele estaria rolando no chão.Depois começaria a única vampira desageitada do mundo...
Além disso,aquele vestido que Alice colocou em mim não ajuda em nada.Não era o que eu teria escolhido para pular nem caçar.Seda azul-claro colada no corpo?Para que ela achava que eu iria precisar daquilo?Haveria algum coquetel mais tarde?
-Observe-me-Disse Justin.E,então,muito casualmente,ele saiu pela janela alta e caiu.
Olhei com atenção,analizando o ângulo em que ele curvara os joelhos para absorver o impacto.O som de seu pouso foi muito baixo um baque surdo que podia ser uma porta sendo fechada suavemente,ou um livro gentilmente posto numa mesa.
Não parecia difícil.
Trincando os dentes enquanto me concentrava,tentei imitar seu passo despreocupado no espaço vazio.
Ah! O chão pareceu se mover na minha direção tão lentamente que não foi nada de mais colocar os pés,que sapatos eram eram aqueles com que Alice havia me calçado?Salto agulho?Ela perdera o juízo,colocar aqueles sapatos bobos na posição exata para que a aterrissagem não fosse diferente de levar um pá à frente numa superfície plana.
Absorvi o impacto com a parte da frente dos pés,não querendo quebrar os saltos finos.Meu pouso pareceu tão silencioso quanto o dele.Sorri para ele.
-Tudo bem.Fácil.
Ele sorriu também.
-Nessie?
-Sim?
-Foi muito graciosa...Até para uma vampira.
Pensei no comentário dele por um momento,e então fiquei radiante.Se ele estivesse falado por falar,Emmet teria rido.Ninguém acho a observação dele engraçada,então devia ser verdade.Era a primeira vez que alguém aplicava a palavra graciosa a mim em toda a minha vida...ou,bem,minha existência.
-Obrigada-eu disse a ele.
Justin pegou minha mão eu não havia deixava de me maravilhar com a suavidade,a temperatura confortável de sua pele,e disparou pelo quintal até a beira do rio.Eu o acompanhei sem esforço.
Tudo que era físico parecia muito simples.
-Vamos nadar?-perguntei a ele quando paramos junto a água.
-E estragar seu lindo vestido?Não.Vamos pular.
Franzi os lábios,pensando.O rio tinha uns cinquenta metros de largura naquele trecho.
-Primeiro você-eu disse.
Ele tocou meu rosto,deu dois passos para trás,e voltou correndo,lançando-se de umapedra achatada firmemente incrustada na margem.Examinei o lampejo de movimento enquanto ele descrevia um arco acima da água,dando por fim uma cambalhota pouco antes de desaparecer nas árvores densas do outro lado do rio.
-Exibido-murmurei,e ouvi seu riso invisível.
Recuei cinco passos,só por precaução, e respirei fundo.
De repente,me senti ansiosa de novo.Não com medo de cair ou me machucar,estava preocupada em causar algum dano a floresta.
Surgira devagar,mas agora podia sentir,a força bruta,maciça,vibrando em meus membros.De repente eu tinha certeza de que se eu quisesse abrir um túnel de baixo do rio,abrir a caminho a unha ou a murros pelo leito rochoso,não levaria muito tempo.As coisas a minha volta,as árvores,os arbustos,as pedras...a casa,estavam parecendo muito frágeis.
Torcendo muito para que Esme não tivesse um apreço especial por nenhuma árvore específica do outro lado do rio,dei meu primeiro passo.E então parei quando o cetim apertado se rasgou uns quinze centímetros coxa acima.Alice!
Bom,Alice sempre parecia lidar com as roupas como se fossem descartáveis e existissem para ser usadas apenas uma vez,então ela não deveria se importar com aquilo.Curvei-me para pegar com cuidado a bainha do lado intacto e,exercendo a menos pressão possível,abri o vestido até o alto da coxa.Depois fiz o mesmo com o outro lado pra igualar.
Muito melhor assim.
Eu podia ouvir os risos de Emmet,e até o som de Alice trincando os dentes.
-Nessie?-Justin chamou do bosque,a voz ficando mais próxima.-Quer ver de novo?
Mas eu lembrava tudo com perfeição,é claro,e não queria que Emmet tivesse motivo para achar mais graça de meu treinamento.Aquilo era físico,devia ser instinto.Então respirei fundo e corri para o rio.
Sem obstrução da saia,foi preciso só uma passada longa para chegar á beira da água.Apenas oitenta e quatro avos de segundo,e no entanto foi tempo suficiente,meus olhos e minha mente se moviam tão rapidamente que eu passo foi passo.Foi simples posicionar meu pé direito na pedra lisa e exercer a pressão certa para mandar meu corpo voando pelo ar.Estava mas atenta ao objetivo do que a força,e errei na quantidade de força necessária,mas pelo menos não errei para o lado que teria me deixado molhada.A extensão de cinquenta metros era uma distância meio fácil demais...
Foi uma coisa estranha,vertiginosa, eletrizante ,mais curto.Um segundo inteiro foi ainda por passar,e eu estava do outro lado.
Eu esperava que as árvores densamente agrupadas fossem um problema,mas elas foram surpreendemente úteis.Foi uma simples questão de estender ema mão informe enquanto caía na direção do solo,no meio da floresta,e me vi em um galho conviniente;balancei levemente e pousei,apoiando-me nos dedos do pés ainda a quinze metros do chão,no maior galho de um abeto.
Foi fabuloso.
Acima do som retinido de meu riso delicado,pude ouvir Justin correndo ao meu encontro.Meu salto fora duas vezes mais logo do dele.Quando chegou à minha árvore,estava com os olhos arregalados.Saltei com agilidade do galho para seu lado,tornando a pousar silenciosamente com a parte dianteira dos pés.
-Foi bom?-Perguntei,minha respiração acelerada com a empolgação.
-Muito bom-Ele sorriu,aprovando,mas seu tom despreocupado não com a expressão de surpresa nos olhos.
-Podemos repetir?
-Foco,Nessie...Estamos numa excursão de caça.
-Ah,sim-assenti-Caçar.
-Siga-me...se puder-Ele sorriu,a expressão de repente debochada,e saiu correndo.
Ele era mas rápido do que eu.Eu não conseguia imaginar como ele movia as pernas numa velocidade tão intensa,mas aquilo estava além de mim.No entanto,eu era mais forte, e cada passada minha aquivalia a três dele.E assim voei com ele pela teia verde viva,a seu lado,não atrás.Enquanto corria,não consegui deixar de rir baixinho com a emoção;o riso não me atrasava nem pertubava meu foco.
O vento de minha velocidade lançava meu cabelo e meu vestido rasgado para trás,e embora eu soubesse que não devia ser assim,parecia quente na minha pele.Da mesma forma,o chão irregular da floresta não devia parecer veludo sob meus e os galhos que chicotiavam a pele não deviam parecer plumas me acariciando.
A floresta era muito viva do que eu jamais imagina,pequenas criaturas,cuja existência nunca imaginei,fervilhavam nas folhas a minha volta.Todas ficavam em silêncio depois de passarmos,sua respiração se acelerando de medo.Os animais tinham uma reação muito mais sensataao nosso cheiro que os humanos nos parecia ter.Certamente,tivera o efeito contrário em mim.
Continuei esperando sentir-me sem fôlego,mas minha respiração vinha sem esforço.Esperei que meus músculos começassem a queimar,mas minha força só parecia aumentar enquanto eu me acostumava com o ritmo.Meus saltos se estenderam mais,e logo ele estava tentando me acompanhar.Eu ri de novo,exultante,quando o ouvi ficar pra trás.Meus pés tocavam no chão com tão frequência agora parecia mais voar do que correr.
-Nessie-chamou ele a voz serena,preguiçosa.Não consegui ouvir mais nada ele tinha parado.
Pensei brevemente em me motivar.
Mas com um suspiro fiz meia-volta e saltei levemente  para o lado dele,algumas centenas de metros atrás.Olhei para ele cheia de expectativa.Ele estava sorrindo sobrancelha arqueada.Era tão lindo que eu só conseguia ficar olhando.
-Você queria ficar no país?-perguntou ele,divertido-Ou estava planajando prosseguir até o Canadá?
-Está bom aqui-concordei,concentrando-me menos no que ele dizia e mais na fomar hipnótica com que seus se mexiam quando falava.Ela difícil não me deixar distrair por o que era novidade pros meus olhos novos e poderosos-O que estamos caçando?
-Alces.Pensei numa coisa fácil para a primeira vez...-ele se interrompeu quando meus olhos se estreitraram com a palavra fácil.
Mas não ia discutir;estava com sede demais.Assim que começei a pensar no ardor seco em minha garganta,essa era a unica coisa em que  eu conseguia focalizar.
Estava,sem dúvida,ficando pior.Minha boca parecia as quatro horas de uma tarde  de verão no Vale da Morte.
-Onde?-perguntei,examinando com impaciência as árvores.Agora que me dera à sede,ela parecia contaminar todos os meus outros pensamentos,escoando para meus pensamentos mais agradáveis,como correr,e ter vontade de beijar os lábios do Justin e...a sede abrasadora.Eu não conseguia me livrar dela.
-Fique parada um minuto -disse ele,colocando as mãos de leve em meus ombros.
A urgência de minha sede cedeu por um momento ao toque dele.
-Agora feche os olhos -ele murmurou.
Quando obedeci,ele levou as mãos ao meu rosto afagando-o.Senti minha respiração se acelerar e novamente pensei esperei,por um breve instante,pelo rubor que não viria.
-Ouça-instruiu Justin-O que está ouvindo?
Tudo,eu poderia ter dito;sua voz perfeita,sua respiração,seus lábios roçando um no outro enquanto ele falava,o sussurro de aves alisando as penas nas copas das árvores,seus batimentos cardíacos palpitantes,as folhas de bordo raspando uma nas outras,o leve estalido de formigas seguindo por uma longa fila na casca da árvore mais próxima.Mas eu sabia que ele se referia a algo específico,então deixei que meus ouvidos ampliassem o alcance,procurando algo diferente do leve zumbido de vidas que me cercavam.Havia um espaço aberto perto de nós,o vento tinha um som diferente quando atravessava a relva exposta e um pequeno riacho,com leito rochoso.E ali,perto do barulho da correnteza,o ruído de línguas mergulhando na água,o martelar de corações pesados,bombeando volumosas torrentes de sangue.
Parecia que as laterais de minha garganta tinham se fechado.
-No riacho,a nordeste?-perguntei os olhos ainda fechados.
-Sim- a voz dele era de aprovação. -Agora...espere pela brisa de novo...Que cheiro sente?
Principalmente o dele,seu estranho perfume de lilás,mel e sol.Mas também o cheiro rico e terroso de putrefação de musgo,a resina nas sempre-vivas,o aroma quente e quase amendoado dos pequenos roedores passando por debaixo raízes das árvores .E depois,de novo,o cheiro linpo da água,que surpreendentemente era idferente,apesar da sede.Concentrei-me na ágiua e descobri o cheiro que devia acompanhar lambidas e o coração pesado.O outro cheiro quente,denso e penetrante,mais forte do que os outros.E no entanto quase tão pouco atraente quanto o riacho.Franzi o nariz.
Ele riu.
-Eu sei...Leva um tempo pra acostumarmos.
-Três?-tentei adivinhar.
-Cinco.Há dois nas árvores atrás deles.
-O que faço agora?

Um comentário: